A censura aconteceu e permanece, diz bancário sobre o Jornal O Piquete do Sindicato
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Publicado por Editor | Colocado em Vit. da Conquista | Data: 11 set 2013
Tags:Bancário, Censura, opinião, sindicato
Por Alex Leite (bancário)
“Não é difícil entender porque na pesquisa Ibope publicada em 02 de agosto a confiabilidade dos brasileiros nos sindicatos só é pior do que no SUS, no Congresso Nacional e nos Partidos Políticos” (Alex Leite)
Caro Eduardo,
Infelizmente tenho que discordar da grande maioria dos seus argumento para tentar justificar a censura exercida pela imprensa do sindicato dos bancários de conquista em relação a opinião do bancário Yuri Durval, sobre os rumos do movimento sindical no Brasil.
Começa a faltar com a verdade ao dizer que a opinião do bancário foi disponibilizada em todos os canais da imprensa do sindicato. Até a presente data 11 de setembro de 2013, a matéria não estava disponibilizada no site oficial do sindicato o www.bancarios.com.br , diferente da entrevista da diretora do sindicato e funcionaria do banco Itaú , Luciene Argolo .
Mesmo tendo sido questionado em reunião de diretoria executiva na segunda-feira dia 10 de setembro, e ter se comprometido a colocar a matéria no site do sindicato, não foi feito, que só colocaria quando pudesse elaborar uma resposta. Ou seja, a censura aconteceu e permanece, já que o acesso ao face book é limitado ao usuários inscritos e não toda categoria. Porém para outros bancários o tratamento foi diferente com a predileção pelo discurso padronizado.
Não é difícil entender porque na pesquisa Ibope publicada em 02 de agosto a confiabilidade dos brasileiros nos sindicatos só é pior do que no SUS, no Congresso Nacional e nos Partidos Políticos. A dificuldade de mobilização é fruto da falta de confiança nesses representantes.
Por que isso? O colega Yuri já delineou os principais aspectos. Aparelhamento partidário das Centras, dos Sindicatos viabilizando um projeto de poder que só interessa a alguns. Por isso, só pode ser hipocrisia quando o diretor de imprensa chama de fascista quem discorda e resolve se manifestar contra os oportunismos e as tentativas de ocupar o Estado sem importar o preço. Ou por acaso, o partido que o diretor defende e chama de esquerda, o PC do B fazer acordo com Paulo Maluf (inimigo publico do Brasil, isso dito por eles mesmos em outros tempos ), entre outros para assumir a vice-prefeitura de São Paulo. ou é oportunismo, ou Paulo Maluf está regenerado milagrosamente. Infelizmente a imprensa do sindicato usou o editorial do Piquete para defender entre outros, Orlando Silva o Ministro dos Esportes do PC do B demitido por corrupção. Mais um motivo para a falta de credibilidade.
Enquanto os sindicatos nos anos 80 e 90 foram importantes para contrapor as ideias neoliberais, fazendo oposição sistemática aos governos, Sarney, Collor, Itamar, e FHC, a partir do final dos anos noventa quando os partidos que se diziam de esquerda (principalmente PT e PC do B) começaram a aceitar doações dos banqueiros começa a mudar as ações. Após a eleição de LULA para a presidente, o que se viu foram Centrais e Sindicatos amordaçados, uma vez que a base sindical que garantiu a eleição foi cooptada pelos mais variados motivos. A destinação de milhões de reais para as centrais sindicais, o que gerou inclusive a criação da CTB, com seus principais dirigentes ligados ao PC do B, a qual o Sindicato dos Bancários de Conquista e região passou a ser filiado após sair da CUT. Por outro lado, os milhares de empregos nos cargos públicos “amaciaram” os dirigentes sindicais ligados a esses partidos. Desde então a maioria desses sindicatos viraram “ Chapa Branca” por opção, não por pressão como foi na ditadura de Vargas, ou dos Militares a partir dos anos 60. O importante era defender a governabilidade e os empregos e não os trabalhadores, basta ver a omissão dos sindicatos quando após derrubado no Congresso e Fator Previdenciário ( criado por FHC, combatido veementemente pelo movimento sindical) foi vetado por LULA, silencio total das centrais e dos sindicatos, inclusive o nosso. A famosa “Kombi do Sindicato” sumiu das ruas.
Para tentar se defender o diretor de imprensa Eduardo Moraes ataca o bancário, acusando-o “de ser novo na categoria”, “de achar tudo pronto” , “ de não participar”, revelando o preconceito com os bancários recém chegados a categoria. Parece que tudo que esta aí, foram os dirigentes sindicais que conquistaram. A forma preconceituosa e intimidatória, com a qual se refere ao bancário, demonstra o interesse de manter os trabalhadores longe das instancias de decisão da categoria , reforçando a centralização das decisões dos rumos das lutas nas mãos de uns poucos “iluminados”. Não é a toa que nos últimos dez anos praticamente são os mesmos diretores que tem viajado para representar os bancários nos congressos da categoria. Por isso, a defesa de índices que não atendem aos bancários, já que banqueiros e governo estão juntos na mesa única de negociações, e um valor justo , poderia colocar o governo em cheque, pois é dele o comando das direções da Caixa, Banco do Brasil, BNB, principais bancos públicos.
A luta dos trabalhadores vai continuar mesmos que forças adversárias utilizem de todos os artifícios para manter o status quo, se infiltrando como camaleões para confundir os horizontes, é graças a coragem e a determinação de jovens trabalhadores como Yuri Durval, que os avanços irão ocorrer.
Fazendo parte da diretoria do Sindicato dos Bancários de Conquista e região, posso falar com a responsabilidade de quem participou acompanhou ativamente todo o processo de ascensão e declínio do movimento sindical , sempre procurando defender com independência as posições que acredito serem as mais corretas na defesa dos interesses dos trabalhadores, mesmo sendo minoria dentro da atual diretoria e contrariando os interesses daqueles que tem se utilizados das entidades sindicais para os mais diversos fins.
Alex Leite é Funcionário do Bradesco e diretor de Cultura e Formação do Sindicato dos Bancários de Conquista e Região .